Booktube: onde tudo começou

Na Bienal do Livro de São Paulo de 2014, já era possível observar, a partir das notícias que circulavam na mídia sobre o evento, como os Booktubers — produtores de conteúdo literários que utilizam a plataforma do YouTube — estavam influenciando o mercado editorial. Porém, apenas em 2016 o movimento “Valorize o Booktuber” surgiu, reivindicando a profissionalização da área, visto o impacto de seus conteúdos no mundo dos livros. Assim, esses influenciadores se tornaram peça-chave na transformação do mercado editorial, integrando as campanhas de lançamentos de títulos e eventos do setor.

Na atualidade, vemos outro fenômeno literário se desenvolvendo: o Booktok. Nesse segmento, novos produtores de conteúdo utilizam o TikTok — plataforma de vídeos curtos — para chegar aos leitores, compartilhando trends, dicas e experiências de leitura e ganhando milhares de visualizações, principalmente do público jovem.

Foi sobre o trabalho de influência no mundo literário que Paulo Ratz conversou com as convidadas Beatriz Paludetto, Paola Aleksandra e Tamirez Santos (Resenhando Sonhos) no Skeelo Talks, durante a Bienal do Livro de São Paulo de 2022, que ficou marcada pela preponderância de livros que fazem sucesso no Booktok nas prateleiras dos estandes.

Paulo Ratz (Livraria em Casa), que começou a produzir conteúdo para o YouTube em 2015, fez um paralelo entre a ascensão do Booktube e do Booktok: “O Booktok está passando pelo que o Booktube passou há anos atrás, de se profissionalizar, de métrica, de mídia kit, de saber negociar com as marcas, de saber o seu valor, de saber o que você gosta de fazer…”.

Sobre a diferença entre as duas plataformas, Beatriz Paludetto — que começou no YouTube em 2017 — compartilha que se sente mais confortável produzindo para o YouTube, pois permite mais proximidade com os seguidores, mas que no TikTok as coisas acontecem mais depressa: “Cresce muito rápido[…]. Ele entrega para todo mundo e as pessoas não precisam se inscrever e elas estão querendo vídeos rápidos”, mas lembra que boa parte do público acaba não criando conexões e nem se lembrando dos nomes dos TikTokers devido à velocidade e quantidade de conteúdo da rede social.

Para Tamirez Santos, que começou em 2014, esse é um aspecto relevante, já que “[…]às vezes a gente acha que o número é muito importante, mas na minha opinião a comunidade é muito mais importante”. As métricas são parte importante do trabalho de influência, mas Paola Aleksandra, autora e produtora de conteúdo presente no YouTube desde 2011, lembra: “A preocupação com os números é algo que os algoritmos fazem com a gente que produz conteúdo, então a gente fica muito focado nos números, e aí a gente vai em eventos assim, como a Bienal […] e daí a gente lembra constantemente que o nosso trabalho não é número”.

Entender o público é essencial para saber onde o produtor de conteúdo deve estar. Tamirez não vê, nesse momento, necessidade de produzir para o TikTok, já que ela fala com o público adulto e se considera uma produtora de conteúdos mais longos, com vídeos de 40 minutos em seu canal do YouTube.

“Eu acho que o TikTok ajudou o mercado de uma forma muito interessante a popularizar a leitura enquanto algo legal, sabe? Porque é sempre a nossa maior dificuldade, a nossa maior barreira, às vezes, com as pessoas, é mostrar que ler livro não é chato, mostrar que ler livro é legal”, diz a idealizadora do Resenhando Sonhos e complementa: “Esses formatos eles não precisam anular um ao outro,[…] acho que a gente tem aqui uma oportunidade de apoio”.

A mesa dos Booktubers no Skeelo Talks foi a mais assistida no estande do Skeelo e na transmissão ao vivo,  mostrando a força desses influenciadores. Veja o bate-papo completo:

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