Livros-reportagem: a narrativa envolvente de fatos reais

No dia 16 de fevereiro é estabelecido o Dia do Repórter — profissional que atua com a criação de pautas, pesquisa e elaboração de matérias. Muitas vezes, essas reportagens são tão ricas que se transformam em livros-reportagem — um compilado feito para registrar a grande dedicação do trabalho jornalístico em disseminar certo conteúdo.

Pode confiar: nenhum filme ou documentário consegue contemplar a riqueza que um livro tem! Continue a leitura para entender o porquê.

O que são os livros-reportagem?

Para os amantes do gênero, são uma combinação perfeita de informação e narrativa. Essas obras são escritas com o intuito de unir literatura e jornalismo, narrando histórias reais, de forma densa e envolvente — algumas tão ricas que parecem o enredo de um filme.

Veículos tradicionais como jornais, revistas e telejornais do cotidiano não conseguem abarcar a quantidade de detalhes que um livro consegue. Isso se deve à limitação de espaço — no caso das mídias de papel — e à limitação de tempo — no caso das mídias televisivas. É por isso que até mesmo as histórias mais conhecidas rendem livros grandiosos; grandes matérias guardam numerosos pormenores.

Assim, os livros-reportagem trazem ao leitor a possibilidade de compreender e analisar acontecimentos marcantes com mais recursos, o que é um verdadeiro exercício de avaliação e entendimento.

A importância de unir jornalismo e literatura

Os livros-reportagem expõem para a sociedade a complexidade do que, muitas vezes, é retratado apenas em uma manchete. Por muitas vezes, inspiram filmes e séries que disseminam ainda mais a história a ser contada. Esse fator evidencia a importância social que esses livros carregam além da literária. Eles podem denunciar e expor questões pontuais — como é feito na obra A Casa, de Chico Felitti, que aborda os abusos cometidos pela casa espírita do chamado João de Deus — e tratar questões sociais como em Abuso: A cultura do estupro no Brasil, de Ana Paula Araújo.

Além de tudo, podem trazer mais aprofundamento para questões não muito discutidas, como faz o livro-reportagem Presos que menstruam, de Nana Queiroz, que traz à tona a realidade de mulheres presidiárias em situação de vulnerabilidade.

Confira a sinopse dos livros acima, todos disponíveis na Loja do Skeelo:

Presos que menstruam, de Nana Queiroz | Record

Sinopse: Carandiru feminino. A brutal vida das mulheres tratadas como homens nas prisões brasileiras. Grande reportagem sobre o cotidiano das prisões femininas no Brasil, um tabu neste país, Nana Queiroz alcança o que é esperado do futuro do jornalismo: ao ouvir e dar voz às presas (e às famílias delas), desde os episódios que as levaram à cadeia até o cotidiano no cárcere, a autora costura e ilumina o mais completo e ambicioso panorama da vida de uma presidiária brasileira. Um livro obrigatório à compreensão de que não se pode falar da miséria do sistema carcerário brasileiro sem incorporar e discutir sua porção invisível. Presos que menstruam, trabalho que inaugura mais um campo de investigação não idealizado sobre a feminilidade, é reportagem que cumpre o que promete desde a pancada do título: os nós da sociedade brasileira não deixarão de existir por simples ocultação – senão apenas com enfrentamento. Palavras-chave: Prisões femininas, sistema carcerário brasileiro, jornalismo, sociedade, política e governo.

A casa, de Chico Felitti | Todavia

Sinopse: Quando vi pela primeira vez na tevê o cidadão que se intitulava João de Deus, não hesitei em dizer para minha mulher, ao lado: é bandido.” A frase é do médico Drauzio Varella, em coluna no jornal Folha de S. Paulo no início de 2020. Poucos anos antes, porém, essa franqueza era rara no debate público. João de Deus desfrutava das bênçãos do establishment. Frequentava festas de políticos, recebia artistas brasileiros e estrangeiros, via filas quilométricas se formarem em frente à casa onde atendia, na pequena cidade de Abadiânia, no interior de Goiás. No fim de 2018, veio a público uma onda de acusações de assédio sexual contra o líder espiritual. Dezenas de mulheres saíram da sombra para contar experiências de abuso e estupro. Em seguida surgiram as denúncias na Justiça. E então o castelo de cartas de João de Deus começou a desmoronar. Este livro mergulha nessa história, mostrando que ela é ainda mais assustadora. Ao longo de quarenta anos, desde os primórdios do centro de atendimento de João de Deus, fundado no fim dos anos 1970, foram se acumulando episódios nada edificantes. Atores foram contratados para se passar por doentes. Uma escritora estrangeira pagou para acobertar abusos do líder no exterior. Mortes e assassinatos ficaram sem explicação. Em Abadiânia, são comuns os relatos sobre pessoas que sumiram após se indispor com João de Deus. Diversos moradores tiveram seus bens confiscados por capangas após brigar com a figura mais poderosa da cidade. Como muita gente enriqueceu graças aos milhares de dólares dos turistas estrangeiros, o silêncio impera na região. Durante o processo de apuração, ao longo do ano de 2019, Chico Felitti visitou a cidade meia dúzia de vezes. Passou uma semana dentro da seita. Saiu de lá com uma reportagem brilhante, capaz de revelar as entranhas de um líder à brasileira: corrupto e empreendedor, criminoso e carismático, sedutor e profundamente cruel.

Abuso: A cultura do estupro no Brasil, de Ana Paula Araújo | Globo Livros

Sinopse: ​​Por que o estupro é um crime ainda tão comum no Brasil? Por que a vítima muitas vezes é tão – ou mais – julgada pela sociedade do que o próprio criminoso? Por que é tão difícil fazer uma denúncia? Após quatro anos de pesquisas, viagens pelo país e mais de 100 entrevistas com vítimas e familiares, criminosos, psiquiatras e diversos especialistas no assunto, a jornalista Ana Paula Araújo escreve Abuso – a cultura do estupro no Brasil com coragem e sem meias-verdades. A obra é uma reportagem que trata do medo e vergonha das vítimas, de como elas são julgadas e muitas vezes culpabilizadas pela sociedade e pelo poder público, das dificuldades para denunciar, dos caminhos para superar o trauma e seguir em frente e como atitudes tão entranhadas em nossa sociedade geraram uma verdadeira cultura do estupro em nosso país. Ela também auxilia as vítimas a utilizarem os meios de denúncia disponíveis no país, como o disque 100, e esclarece sobre o direito ao aborto decorrente de estupro, que é autorizado por lei sem que haja queixa na polícia. Ana Paula analisa casos que chocaram os brasileiros e outros tantos que, apesar de bárbaros, ficaram perdidos em meio ao constrangimento das vítimas e à lentidão da lei para mostrar como o estupro afeta toda a rede familiar e deixa marcas indestrutíveis na vida de quem o sofre. Ela acompanha todo o caminho das vítimas por justiça e mostra todas as facetas e implicações desse crime tão cruel e, infelizmente, tão corriqueiro no Brasil. Abuso é uma obra ousada, pesquisada com apuro e escrita com imensa sinceridade por uma das mais importantes jornalistas em atividade no país. Porém, mais do que tudo isso, Abuso é um livro extremamente necessário, que precisa ser lido por todos.

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