Satyanātha: “A meditação é um ato de profunda e doce rebeldia”

A tecnologia e a hipervelocidade da vida moderna fazem com que o nosso cotidiano seja cada vez mais acelerado – você também tem essa sensação? Estamos sempre conectados, temos a pretensão de ser multitarefas e consumimos um volume de informação gigante em poucos minutos.

Convidamos você, então, para uma pausa. Para “viver deliberadamente”.

E quem faz esse convite é Satyanātha, monge, criador do aplicativo Atma e autor do livro “Seja monge” (Companhia das Letras). Para ele, viver deliberadamente é viver com atenção plena, sair do piloto automático que a vida acelerada nos coloca sem que percebamos.

“Viver deliberadamente é retomar o poder de decisão sobre as nossas atitudes. O que é automático não podemos alterar, mas a partir do momento em que temos consciência do nosso poder de decisão, podemos de fato escolher um caminho”, afirma Satyanātha, em entrevista exclusiva para o Blog do Skeelo. “A meditação é um ato de profunda e doce rebeldia; ao invés da correria, seguirei meu ritmo”.

Ele cita como exemplo uma viagem que fez com um motorista por aplicativo. O monge embarcou no carro, o motorista segurava o celular para ver o mapa, pois não havia onde apoiar o telefone. Ele disse que era sua primeira viagem como motorista de aplicativo. Confuso e acelerado, ele deu partida no carro e, quando se deu conta, havia voltado ao mesmo lugar – ele não havia colocado o endereço de destino de Satyanātha, mas novamente o endereço onde havia ido buscá-lo.

“A reação automática, neste caso, seria brigar com o motorista. Ao tomar posse do poder de decisão, ao viver deliberadamente, pode-se analisar a situação. Compreender que era a primeira viagem do motorista trabalhando com aplicativo, e que ele deveria estar nervoso.Que por ser a primeira viagem, o carro ainda não estava equipado com um suporte para o celular, por isso ele o segurava nas mãos. Compreender que ele talvez não conhecesse tão bem a cidade, e por isso não percebeu que estava voltando para o mesmo lugar de onde saiu. Ter a tranquilidade de que aquele ‘tempo perdido’ não me causou atraso nenhum para o meu próximo compromisso”. O monge, então, conclui: “naquele momento, em que agi com consciência e compreensão, sem me deixar levar por um sentimento de reação automática, eu tive o controle da situação e não estraguei o meu dia, nem o do motorista, por conta disso.”

Satyanātha e a importância da meditação constante

Satyanātha nasceu no interior de São Paulo, na cidade de Campinas, mas morou em diversos lugares do mundo por conta de sua jornada espiritual. Sem vinculação com nenhuma religião, se define como um “monge da luz, do bem”. Para ele, o ato de meditar deve ser assim, visto como algo simples, apesar de divino.

“Quando meditamos, nos conectamos com algo maior – com o divino, qualquer que seja a sua fé. A meditação funciona porque ela é baseada no próprio mecanismo humano, ela não é uma derivação religiosa – meditar é uma maneira de operar com consciência nossas próprias alavancas e botões, basta ter cérebro e pulmão”, afirma o autor de “Seja monge”.

Mais do que isso, meditar não é apenas o ato de separar um momento do dia, respirar profundamente ou declamar um mantra; ela deve permear o seu dia a dia. Para ilustrar esse conceito, Satyanātha usa o exemplo de dois postes de luz conectados por cabos. “Essa conexão entre dois postes é estabelecida, mas pode ser frágil no começo – os fios podem cair, a energia pode não fluir da melhor maneira, mas isso vai se resolvendo. A conexão se fortalece sem cair mais, os fios não enroscam mais nas coisas que estão embaixo e cria-se, de fato, uma ligação”.

Ou seja, o mais importante é a continuidade da consciência. “A conexão contínua, a consciência ininterrupta, é o que deve ser buscado. O momento mais importante da meditação é o resto do dia para além da meditação”, afirma.

Meditação e autoconhecimento

A prática da meditação também está relacionada à busca pelo autoconhecimento; como Satyanātha diz, o ato de viver deliberadamente é sair do piloto automático e pilotar, de fato, a própria vida – e isso tem tudo a ver com se conhecer melhor.

“Quando uma pessoa começa sua jornada espiritual, começa a prática da meditação, costuma ouvir dos outros que está estranho, ou que está egoísta. Na verdade, essa pessoa está ‘almaísta’, focada em se conhecer melhor, em sua própria energia e no que deseja emanar para o mundo”, explica o monge.

Ele afirma que a busca pelo autoconhecimento se divide em três etapas:

  • Percepção: praticar a observação, ver o que realmente está acontecendo, sejam coisas boas ou ruins. Estabelecer uma nova relação com o real, reagir menos e observar mais.
  • Descoberta: saber como você “funciona”, o que o monge ilustra com suas “alavancas e botões”. O que te estimula, o que tira sua energia, o que potencializa suas forças.
  • Encontro com afinidades profundas: após essas duas fases, é possível se conscientizar de si e descobrir um conjunto de tendências potenciais, positivas ou negativas, para trabalhar e melhorar como ser humano. “Comecei a meditar com 17 anos; hoje tenho 44 e ano passado fiz uma descoberta sobre mim mesmo. Nunca paramos de nos conhecer, mas é preciso começar. Assim como uma faxina em casa, a primeira é sempre mais difícil, mais pesada – depois, vamos fazendo essa manutenção”, demonstra Satyanātha.

Quer saber mais e mergulhar a fundo no universo da meditação? Então leia “Seja monge”, disponível na Skeelo (para consultar o seu benefício, clique aqui) e também na skeelo.com. O livro está disponível nas versões ebook e audiobook – inclusive, narrado pelo próprio Satyanātha, com meditações guiadas.

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