Brandon Sanderson é um dos maiores autores de fantasia da atualidade. Acumulando uma quantidade imensa de fãs ao redor do mundo, suas obras são conhecidas por milhares de leitores.
Em 2023, o autor de Skyward e O Caminho dos Reis lançou seu novo livro: Tress, a garota do Mar Esmeralda. Existe uma ilha isolada chamada Rocha, na qual os habitantes não podem sair, exceto os navios mercantes e pessoas a serviço do rei. Essa é a única vida que a jovem Tress conhece, ela vive de colecionar copos de terras distantes e de ouvir as histórias contadas por seu melhor amigo, Charlie. Contudo, Charlie é levado por seu pai para uma viagem em busca de uma noiva. Após um terrível desastre acontecer, Tress se esconde em um navio para procurar a Feiticeira no Mar da Meia-Noite.
Em águas desconhecidas, rodeadas de piratas e outros perigos, Tress precisa deixar sua vida simples para trás. Seria possível construir seu espaço em um oceano no qual uma simples gota pode significar sua própria morte?
A obra virou febre entre os leitores e muitos já estão no aguardo para a sequência. O Blog do Skeelo conversou com Pedro Ribeiro, responsável pela tradução do livro de Sanderson. Pedro falou sobre a escrita do autor, os desafios e processos da construção do livro e deu dicas para começar a ler Sanderson.
A escrita de Sanderson
Pedro diz que o que mais chama a atenção na escrita de Sanderson é a riqueza e a sofisticação da construção de mundos. “Ele não só cria vários novos mundos e culturas, como vai revelando gradualmente os motivos dessas diferenças. Sanderson consegue passar uma sensação de estranhamento diante de um mundo com circunstâncias e valores muito diferentes dos nossos, de uma maneira que é mais próxima da ficção científica do que de livros de fantasia”, diz. “Os sistemas de magia que ele cria para cada mundo são testados e estudados pelos personagens, que aprendem por tentativa e erro de um modo muito vivo e realista. Isso também está presente em Tress, que se passa em um mundo absolutamente alienígena e perigosíssimo, onde habitantes aprenderam a sobreviver e desenvolveram sua própria ‘tecnologia mágica’, por assim dizer”.
Os livros de Brandon Sanderson são conhecidos por serem muito extensos, então é natural que existam desafios na tradução. Quando falamos sobre isso, Pedro diz que como a história é envolvente, o livro traz uma montanha-russa de emoções: “Os livros do Sanderson que já traduzi tem uma grande quantidade de trocadilhos, o que realmente não facilita meu trabalho! Frequentemente é preciso mudar um pouco o contexto da frase para conseguir o mesmo efeito em português, sendo que esse efeito costuma ser fazer com que o leitor leve a mão ao rosto e diga ‘aaaai’… Tress tem uma proporção de trocadilhos um pouco maior, talvez devido à voz do narrador. Seus trocadilhos são tão infames que me fizeram pensar que tradutores precisam de seguro contra insalubridade verbal.”, diverte-se o tradutor.
Desafios e processos de tradução
Pedro diz que, ao traduzir as obras de Sanderson, é necessário prestar muita atenção em possíveis referências a outras obras, já que os livros fazem parte do mesmo universo, o Cosmere. “Por exemplo, o misterioso personagem Hoid, que aparece em vários livros do Cosmere, em determinado momento usa uma palavra, ‘figgldygrak’, significando algo como ‘bobagem, coisa sem sentido’, que eu adaptei para o português como ‘figlidigraque’. Até aí tudo bem, só que o personagem usa essa palavra em pelo menos dois outros livros do Sanderson, então o que parece uma bobagem pode fazer sentido mais tarde… ou pode ser só uma brincadeira do autor. De qualquer modo, para traduzir um livro do Sanderson você tem que estar sempre desconfiado”.
Algo já conhecido no universo de Sanderson é a terminologia. Pedro afirma que uma das coisas mais importantes é ser coerente com as obras já traduzidas. “Por exemplo, o termo ‘Luhel Bond’ foi traduzido como ‘Laço de Luhel’ por ser análogo a ‘Laço de Nahel’, que no original de O Caminho dos Reis é ‘Nahel Bond’. Contudo, como Tress é um livro bem menor do que O Caminho dos Reis, não tive tanto trabalho na elaboração da terminologia. Tive que fazer algumas pesquisas sobre termos náuticos, por exemplo”, afirma.
Dicas para ler Sanderson
Se você se interessou pela história de Tress, a garota do Mar Esmeralda e pelo universo criado por Brandon Sanderson, aqui vai uma dica de Pedro para fazer parte desse mundo: “Tress é um bom ponto de entrada no universo do Sanderson. É uma história muito interessante, perfeitamente compreensível só com as informações presentes no próprio livro. É um pouco diferente dos outros livros dele pelo tom mais leve, de certo modo um conto de fadas em vez de uma saga apocalíptica, como Os Relatos da Guerra das Tempestades. As menções aos outros mundos e suas magias podem despertar a curiosidade dos leitores em relação aos seus outros livros, mas Tress é uma história independente e fechada em um único volume. Na minha opinião, é um verdadeiro clássico da fantasia, e a Trama (selo da Ediouro) fez uma edição muito bonita, com um projeto gráfico maravilhoso. Estou muito feliz de ter participado como tradutor”.
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