Marcelo Lins fala sobre audiobook de Um Longe Perto na Bienal do Livro
O autor e jornalista contou como foi a experiência de narrar o próprio audiobook.

A tarde de sexta no Skeelo Talks da Bienal do Livro começou com a presença ilustre do jornalista Marcelo Lins, autor do livro Um longe perto. O título foi publicado pela editora Ediouro e está disponível em audiobook no aplicativo do Skeelo e em e-book para compra na Skeelo Store.
Izabella Camargo, a mediadora do bate-papo, abriu a conversa perguntando o que significa para o autor quando os leitores dizem que, ao lerem Um Longe Perto, sentiram como se estivessem com Marcelo na sala de casa. “É uma alegria porque a intenção era escrever sobre coisas distantes, mas como se elas estivessem mais perto da gente, porque elas estão mesmo”, diz o jornalista. “O mundo é um só e as relações interpessoais são muito parecidas, apesar das diferenças culturais, religiosas, étnicas e tudo mais. A ideia desse livro é mostrar que todo mundo conhece o mundo mais do que imagina. Então quando as pessoas dizem isso, acho que acertei no livro”.
Izabella relembra que Marcelo começou a escrever a obra durante a pandemia de Covid-19, e pergunta se já tinha passado pela cabeça do jornalista escrever um livro. “Sempre, são mais de 30 anos de carreira nos bastidores do jornalismo, mas sempre li e escrevi muito para poder estar por dentro dos temas que vou abordar. Em muitas viagens que fiz, mais a trabalho do que a lazer, anotava muita coisa em caderninhos, pedaços de papel… Eram coisas que me chamavam a atenção, mas que não cabiam no trabalho”, conta. “Durante o momento mais duro da pandemia, nós precisávamos pensar em outras coisas. Então, casualmente conversando com uma amiga, ela me perguntou se eu não tinha um projeto de livro. Ela falou com a editora e me pediram uma amostra, e aí eu escrevi uma sobre coisas que tinham me chamado atenção nessas viagens que eu já tinha feito. A editora gostou, aprovou e pronto! As minhas madrugadas dos momentos mais duros da pandemia foram dedicadas, entre outras coisas, a escrever esse livro”.
Izabella perguntou se o ambiente familiar de Marcelo contribuiu para sua paixão pela leitura. O autor foi direto: “Sem dúvida alguma. Mas meu pai não me mandava ler. Ao invés disso ele sempre perguntava ‘o que é que você está lendo?’ e eu não gostava de não ter resposta, eu gostava de dizer que estava lendo alguma coisa. Junto disso, a noção que meu pai e minha mãe tinham de que o mundo vale à pena ser explorado e que poucas coisas na vida são tão boas quanto essa sensação de você entrar em contextos, lugares, ter acesso a pessoas que você nunca viu antes, porque sempre é uma forma de aprender, trocar, compartilhar”. Marcelo ainda acrescenta que ficou muito feliz em estar presente na Bienal do Livro, vendo tantas pessoas que estavam ali por causa da literatura. “Isso me dá uma esperança sem fim”, afirma.
Sobre narrar seu próprio livro, Marcelo enfatizou a sensação incrível que teve com a experiência. “Tenho certeza que qualquer outro livro que eu for escrever daqui para frente eu vou pensar nele para quando for gravado em áudio. A experiência do autor ler o próprio livro é boa, é poderosíssima, mas pode ser meio desconfortável porque você começa a ver o que você escreveu e querer corrigir. É bom porque é mais um aprendizado também”, compartilha.
Foi aberta uma rodada de perguntas da plateia e, antes de encerrar, Marcelo deixou uma mensagem reflexiva sobre a finitude das coisas. “Essa vida que nós conhecemos acaba ali na frente. A partir dessa noção, entender que vale à pena valorizar os momentos, as pessoas, as coisas, as experiências já é um bom caminho. Essa valorização pode ser feita de alguma forma todos os dias, não apenas no seu período de lazer. Eu acho que essa é uma forma interessante de tentar me aproximar daquilo que me deixa mais feliz, mais completo, sabendo que lá na frente isso acaba”, conclui o jornalista.
Confira a entrevista completa: