Enredos literários: autores e livros homenageados no sambódromo!

O Carnaval, uma das manifestações populares mais marcantes do nosso país, é famoso pelas festas, blocos e desfiles de escolas de samba. Nessa grande comemoração, as agremiações se destacam com seus desfiles e enredos — grandes produções que requerem um ano inteiro de dedicação, trabalho e estudo.

Histórias das mais variadas são contadas com muita alegria e conhecimento, e a literatura não fica fora disso. Desde muito tempo, escritores e obras são homenageados nas passarelas do samba.

Relembre agora algumas dessas narrativas!

Carolina Maria de Jesus

Foto: João Belli | Colorado do Brás | Divulgação

Em 2022, a escola de samba Colorado do Brás contou a história da autora Carolina Maria de Jesus. A homenagem trouxe a vida da escritora e trechos de suas principais obras nos carros alegóricos e nas fantasias dos foliões. Muito bem avaliado por comentaristas, o samba contava com trechos que aproximavam o caráter resistente de Carolina com o de todo o povo preto e pobre do país.

“Salve o povo da rua
Abre caminhos, minha história vou contar
Sou eu, Carolina de Jesus
A voz da pele preta a ecoar”

Conheça mais sobre a autora:
Carolina Maria de Jesus, de Adriana de Almeida Navarro | Ciranda Cultural
Carolina, de João Pinheiro e Sirlene Barbosa  | Veneta

Jorge Amado

Foto: Acervo Liesa | Imperatriz Leopoldinense | Divulgação

Em 2012, a Imperatriz Leopoldinense levou a história de Jorge Amado à Sapucaí. O desfile contou com aspectos das obras do autor, mas também falou de sua vida pessoal — sobretudo de sua relação com a Bahia. Elementos da cultura baiana foram exaltados durante toda a passagem da escola, transformando a avenida em uma verdadeira viagem à terra de Jorge Amado.

“Sou Imperatriz, sou emoção
Meu coração quer festejar
Ao mestre escritor, um canto de amor
Jorge Amado, Saravá”

Leia sobre o autor:
Jorge Amado: Uma biografia, de Josélia Aguiar | Todavia
Essencial Jorge Amado, de Jorge Amado | Penguin-Companhia

Ariano Suassuna

Foto: Mancha Verde | Divulgação

Em 2008, a Mancha Verde, escola de samba de São Paulo, homenageou Suassuna em um desfile emocionante. O autor pôde participar da festança e permaneceu cantando e cumprimentando o público durante o desfile. Toda a estética do desfile visava honrar a irreverência de Ariano e sua genialidade como um dos autores contemporâneos mais influentes do país.

“Segue o romanceiro tão feliz
Desbravando esse país
Ao preconceito disse não
Se é de igual pra igual vou sacudir geral, Suassuna és imortal”

O escritor já havia sido homenageado no Rio de Janeiro pela escola de samba Império Serrano no ano de 2002, desfile no qual também marcou presença, sempre muito emocionado. A trajetória de Ariano foi apresentada junto às paisagens sertanejas e nordestinas, que permeiam sua vida e obra.

“Sol inclemente, oi
Vai além da imaginação
Sopro ardente, árida terra
Desse poeta cantador
Sede de vida, gente sofrida
Salve o lanceiro, guerreiro do amor”

Mais sobre Ariano Suassuna:
Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna | Nova Fronteira
Vida-Nova Brasileira e outros textos em prosa e verso, de Ariano Suassuna | Nova Fronteira

Iracema

Foto: Acervo Liesa | Beija-Flor | Divulgação

Na Marquês de Sapucaí, a Beija-Flor de Nilópolis fez história em 2017. O enredo “A virgem dos lábios de mel — Iracema” foi abordado na avenida na forma de uma grande tribo. A escola, diferentemente do comum, escolheu não se separar em alas, mas garantir que todos os integrantes se vestissem como os indígenas. O samba é uma verdadeira síntese do romance de José de Alencar, que marcou a literatura brasileira.

“A Jandaia cantou no alto da palmeira o nome de Iracema
Lábios de mel, riso mais doce que o jati
Linda demais, cunhã-porã, itereí
Vou cantar Juremê, Juremê, Juremê
Vou contar Juremá, Juremá
Uma história de amor, meu amor
É o carnaval da Beija-Flor”

Iracema, de José de Alencar | Panda Books

Dom Quixote

Foto: Acervo Liesa | União da Ilha | DIvulgação

Em 2016, a escola de samba Imperador do Ipiranga contou a fascinante história de Dom Quixote, de Miguel de Cervantes. O desfile esteve repleto de passagens do livro — como a amizade com Sancho Pança, a “batalha” com os moinhos de vento e as supostas aventuras cavaleiras do personagem.

“Eternamente apaixonado
Por você Imperador
Na força da lança
O mal não alcança
Sou Dom Quixote de La Mancha”

Anos antes, em 2010, a União da Ilha levou à avenida o icônico carro alegórico de Dom Quixote como leitor, sentado sob as obras que o inspiraram a sonhar acordado com as aventuras que tanto lia. Em “Dom Quixote de La Mancha, o cavaleiro dos sonhos impossíveis”, a agremiação abordou toda a viagem imaginativa que a leitura desperta na obra.

“A Ilha vem cantar
Mais um sonho impossível… sonhar
Quem é que não tem uma louca ilusão
E um Quixote no seu coração”

Dom Quixote, de Miguel de Cervantes | Penguin-Companhia

Tenda dos milagres

Foto: Mocidade Alegre | Divulgação

Em 2012, a Mocidade Alegre levou ao Anhembi o universo criado em Tenda dos Milagres, livro de Jorge Amado. A escola de samba consolidou, em alegorias e fantasias, a viagem à uma Bahia literária com fortes traços culturais afro-brasileiros. O culto a Ojuobá como figura central e poderosa garantiu à escola o título de campeã do carnaval de São Paulo.

“No Pelô… Salve a Bahia de São Salvador
Eu vou à capoeira, meu amor
Morada dos Milagres, devoção e fé
Um grito de igualdade, axé”

Tenda dos Milagres, de Jorge Amado | Companhia das Letras

Aproveite o Carnaval com boas leituras!

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