29 de Janeiro: Dia Nacional de Visibilidade Trans

No dia 29 de janeiro de 2004, um grupo de ativistas trans se dirigiu ao Congresso Nacional para lançar a campanha “Travesti e Respeito”, promovida pelo Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde, com o objetivo de exigir respeito à diversidade de identidade de gênero no Brasil.

Essa data, desde então, foi escolhida e utilizada para estabelecer o Dia Nacional da Visibilidade Trans, visando colocar em foco as pautas da população transexual.

Além de alertar sobre os números preocupantes relacionados à violência provocada por ódio e preconceito contra a comunidade trans, o Senado Federal decretou que “a data deve promover reflexões sobre o respeito à identidade de gênero e orientação sexual, garantir fácil acesso do sistema para uso do nome social, assegurar tratamentos de saúde e acompanhamentos dos processos de transição de gênero e promover políticas públicas para inserção da população trans no mercado de trabalho”.

Dados e expectativa de vida

De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (ANTRA), no primeiro semestre de 2021, 89 pessoas trans foram mortas no Brasil — o que coloca o país no ranking dos que mais matam por transfobia no mundo

Além disso, as pesquisas da ANTRA indicam que a expectativa de vida de uma mulher trans ou travesti no Brasil é de apenas 35 anos de idade. Isso corresponde a menos da metade da média nacional (76 anos).

Livros para se informar e refletir

Para trazer mais informações sobre o assunto, o Skeelo separou 6 dicas de leitura. Confira abaixo:

Transresistência: pessoas trans no mercado de trabalho, de Caê Vasconcelos | Dita Livros

Sinopse: Quantas pessoas trans fazem parte da sua vida? Quantas trabalham ao seu lado? Se você, assim como a maioria, respondeu “nenhuma”, talvez não saiba que o Brasil é o país que mais mata essa população no mundo. Um extermínio que, como sociedade, não podemos continuar a ignorar. Pessoas trans e travestis muitas vezes enfrentam dificuldades dentro do espaço familiar. Do lado de fora, sua exclusão persiste na ausência de direitos básicos como saúde, educação, moradia e trabalho. Este último, claro sintoma de nossa transfobia estrutural, é o tema que costura os perfis aqui reunidos. Não há dúvidas que ser uma pessoa trans no Brasil é resistir. Daí o título Transresistência. Escrito pelo jornalista Caê Vasconcelos, este livro pretende contribuir para a visibilidade de pessoas trans e travestis, indo contra a corrente conservadora – incluindo uma vertente do feminismo – que insiste em invalidar sua existência e humanidade.

Sou Danielle: como me tornei a primeira executiva trans do Brasil, de Danielle Torres | Planeta

Sinopse: Danielle é uma mulher fascinante: alta executiva, escritora, maquiadora, quatro vezes pós-graduada e pensadora de causas LGBTQIA+. Neste livro, ela trata com objetividade e também paixão questões como carreira, sexo, saúde mental, mundo dos negócios e maternidade. Daniele Torres é sócia de uma das maiores empresas do mundo de auditoria e consultoria. Ela se formou em ciências contábeis e administração, tem quatro pós-graduações — em gestão de negócios, filosofia e direitos humanos, tecnologia e influência digital — faz um mestrado na Georgia Institute of Technology, é maquiadora profissional, colunista da revista Marie Claire e palestrante. Danielle é uma mulher trans. E se afirmou como tal quando já ocupava um cargo de diretor na empresa em que trabalhava e trabalha ainda hoje. Até então, ela era o “Torres”. Seu empregador não só apoiou institucionalmente as mudanças pelas quais a executiva passou como a convidou posteriormente para se tornar parte de seu quadro societário. Apenas 4% da população trans está empregada no mercado formal brasileiro. E o cenário para as pessoas transgênero no Brasil é o pior possível: somos o país que mais mata essa população no mundo. Danielle, claramente, é um case. Ela conta, no entanto, que o sucesso profissional e o privilégio de ter nascido numa família de classe alta nunca a pouparam de humilhações na vida social e de um profundo sofrimento psíquico. Neste livro, ela revela agressões que sofreu na infância, relacionamentos afetivos equivocados da juventude, bulimia, ataques de pânico, desconforto com o corpo e os muitos anos de terapia na maturidade. Mas conta também do encontro com seu grande amor, de tatuagens, calcinhas, vegetarianismo e karatê.

O parque das irmãs magníficas, de Camila Sosa Villada | Planeta

Sinopse: Quando chegou à cidade de Córdoba para estudar na universidade, a autora argentina Camila Sosa Villada decidiu ir ao Parque Sarmiento durante a noite. Estava morta de medo, pensando que poderia se concretizar a qualquer momento o brutal veredito que havia escutado de seu pai: “Um dia vão bater nessa porta para me avisar que te encontraram morta, jogada numa vala”. Para ele, esse era o único destino possível para um rapaz que se vestia de mulher. Camila queria ver as famosas travestis do parque, e lá, diante daquelas mulheres e da difícil realidade a que são submetidas, foi imediatamente acolhida e sentiu, pela primeira vez em sua vida, que havia encontrado seu lugar de pertencimento no mundo. O romance O parque das irmãs magníficas é isso tudo: um rito de iniciação, um conto de fadas ou uma história de terror, o retrato de uma identidade de grupo, um manifesto explosivo, uma visita guiada à imaginação da autora. Nestas páginas convergem duas facetas da comunidade trans, facetas que fascinam e repelem sociedades no mundo inteiro: a fúria travesti e a festa que há em ser travesti. Da autora argentina Camila Sosa Villada, um livro de amor e afeto: quando terminamos a última página, queremos que o mundo inteiro o leia também!

Trans, de Bruno Della Lata e Renata Ceribelli | Globo Livros

Sinopse: A obra baseada na série Quem sou eu?, do Fantástico, vencedora do prêmio Vladimir Herzog. Em Trans – Histórias reais que ajudam a entender a vida das pessoas transexuais desde a infância, os jornalistas Renata Ceribelli e Bruno Della Latta revisitam os entrevistados da reportagem e também reúnem relatos inéditos daqueles que frequentemente são silenciados e discriminados no dia a dia.

“Este livro exige uma mente aberta e livre para conseguir entrar no universo de indivíduos extremamente especiais. […] Sejam bem-vindos ao universo dessas pessoas que sempre existiram entre nós, mas que antes permaneciam invisíveis.” – Renata Ceribelli.

“Não há nada mais transgressor no momento do que o amor. Por isso, reviver essas histórias em forma de livro tem outro significado. Talvez ainda mais importante e forte” – Bruno Della Latta.

“Costumo dizer que ser trans no Brasil é assinar sua certidão de óbito em vida. […] Nossas demandas e especificidades são vistas como questões menores e não têm apoio da população em geral. Muito dessa falta de apoio vem da ausência de informação, que a série e o livro se propõem a trazer, e eu me proponho a levar enquanto ativista!” – do prefácio de Bárbara Aires, consultora de gênero.

Vidas trans, de Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e Taro Brant | Astral Cultural

Sinopse: Em Vidas Trans, quatro pessoas trans — Amara Moira, João W. Nery, Márcia Rocha e Tarso Brant — relatam aos leitores o momento no qual percebem que havia algo diferente, sobre o sentimento de inadequação perante os padrões exigidos, sobre os preconceitos e dores vividos dentro e fora da família, sobre o momento de transição e, enfim, da liberdade sentida por esta decisão. Em quatro relatos individuais, cada um conta sua história de vida, luta e militância — constante e diariamente —, em reafirmar o direito ao nome, ao corpo e à existência plena.

Eu, travesti: Memórias de Luísa Marilac, de Nana Queiroz e Luísa Marilac | Record

Sinopse: Luísa Marilac nasceu em Minas Gerais e assumiu-se travesti aos 17 anos. Além dos tradicionais traumas associados à transição de gênero em uma família conservadora e de classe baixa, levou sete facadas aos 16 anos, foi vítima de tráfico sexual na Europa, prostituiu-se, foi estuprada e presa mais de uma vez. Alçou-se à fama depois que viralizou no YouTube um vídeo seu com o bordão “E disseram que eu estava na pior”. Em uma história de superação, transformou a dor em energia para lutar pela mudança do mundo para mulheres que nascem como ela – com um “pedaço de picanha entre as pernas”, como costuma brincar. Ativista das travestis, trabalha para combater o preconceito com humor e diálogo franco. Com Nana Queiroz, constrói um relato visceral e poético sobre sua trajetória, dedicado “a todas as travestis que nunca viveram para contar suas histórias”.

Curtiu o conteúdo? Leia também outros artigos do Blog do Skeelo.

Dia Internacional da Lembrança do Holocausto: por que devemos falar sobre a data?

The White Lotus: descubra os livros citados na minissérie

Como organizar suas leituras para 2023

Acompanhe nossas redes sociais, estamos presentes no Facebook, Instagram, Twitter, Telegram e YouTube.

Deixe uma resposta